sexta-feira, 18 de maio de 2012

"Napollande"


“Napollande”

         Na semana em que François Hollande tomou posse do cargo de Presidente da República há que relembrar o eterno imperador francês, Napoleão I. Hoje é dia 18 de Maio de 2012. Há precisamente 208 anos Napoleão Bonaparte foi coroado Imperador de França.
               Se olharmos para ambas as personalidades as semelhanças não são muitas: à partida Hollande não anda a cavalo como Napoleão nos grandes quadros e imponentes figuras, no entanto creio que o eterno imperador não vê as horas tão bem quanto o actual chefe máximo francês. Uma coisa os dois têm em comum: um há 208 anos atrás, outro nos dias de hoje; Napoleão Bonaparte e François Hollande foram e são, respectivamente, os líderes de uma imponente nação.
              Napoleão conduziu a França no tortuoso período pós-revolução; a revolução francesa que se iniciara em 1789 só viria a terminar com o golpe do 18 do Brumário de 1799 levado a cabo pelo próprio Napoleão, que acabara de derrubar o Directório responsável pelo país.
       François Hollande não teve a mesma sorte. Homem corajoso, chegou ao poder no meio de uma das maiores crises económicas de que há memória e, contrariamente ao período pós-revolucionário, do qual se esperava uma recuperação bombástica e a emergência de um regime totalmente novo, nos dias de hoje não se avizinha nada de positivo.
     O desemprego, qual cavalo em fuga, galopa a olhos vistos; os impostos, ui, esses são mais do que muitos; os preços fogem por aí acima e os salários mantêm-se iguais, ou melhor, são diminuídos, e tudo isto para bem da pátria.       Em Portugal, oh província europeia, a situação está assim. Primeiro implementaram-se medidas de austeridade, ou de sufoco, como preferirem chamar, para que depois viesse um grupo de senhores “troikianos”, na gíria popular, apertar cada vez mais a corda no pescoço de cada português. À partida, Hollande nada teria a ver com toda esta história ora não fosse ele o novo chefe de estado do grandioso “império” francês.
              Le nouveau president não herdou só a crise do seu próprio país. Herdou uma grande amiga, a Sra. Merkel, chanceler alemã, que era muito chegada ao ex-presidente francês, Nikolas Sarkozy. Ora, François Hollande foi eleito, pensava que apenas tinha de impedir que esta grande crise chegasse aos seus compatriotas franceses, mas enganou-se. Tem portanto: um país para gerir; uma moeda única para manter; a União Europeia para salvar; mas acima de tudo, uma grande amizade para fortalecer (há que manter as boas relações com os que estão mais fortes que nós).
           Voltando a Napoleão, eu pergunto-me: qual destes chefes de estado teve ou tem a missão mais difícil? Terá Napoleão sido o Tom Cruise do século XVIII? Ou será Hollande o mais recente James Bond? Tanto um como outro tiveram uma missão dificílima, no entanto, acredita-se que Hollande não tem qualquer plano de transformar França de novo num império e muito menos tem as ambições de conquista mundial que outrora Napoleão tivera.

                Com a batata quente nas mãos há que apoiar Hollande porque na verdade:

                                               Allons enfants de la patrie,
                                               Le jour de gloire est arrivé




Joana Silva

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