segunda-feira, 26 de março de 2012

"Putinismo", o novo estalinismo?

Vladimir Putin, actual primeiro-ministro da Rússia, era, há 12 anos, o segundo presidente da Rússia, democraticamente eleito.
Nas eleições de 26 de Março de 2000, onde venceu à primeira volta, com 53%, derrotando o candidato comunista Gennadi Zyuganov, subiu um degrau na sua carreira política passando de primeiro-ministro a Chefe de Estado. Repetiu o feito em 2004 e, como a lei russa impede um terceiro mandato consecutivo, em 2008 cedeu o lugar ao seu “afilhado político” Dmitri Medvedev que o nomeou primeiro-ministro. Foi o início do que os analistas políticos e a imprensa ocidental já apelidam de “putinismo”.
O economista americano Richard Rahn define o “putinismo” como "uma forma nacionalista autoritária de governo russo, que finge ser uma democracia de livre mercado". Neste regime a maioria das instituições políticas e potências financeiras são dirigidas ou controladas por silovik, um termo russo que denomina os indíviduos com uma carreira militar ou nos serviços de segurança russos que, posteriormente, ocupam cargos de destaque, nomeadamente na política.
No passado 4 de Março, quando Vladimir Putin venceu as eleições presidenciais, o ex-director do FSB (anterior KGB) declarou a sua intenção de nomear o actual presidente Dmitri Medvedev para primeiro-ministro, quando tomar posse da Presidência a 7 de Maio. Para muitos analistas políticos russos ficou confirmada a tese de que Vladimir Putin quer colocar a Rússia sobre a direcção de um diunvirato, pondo em curso uma espécie de dança das cadeiras onde Putin e Medvedev vão alternando entre si os cargos de presidente e primeiro-ministro.
A influência do poder político sobre o jurídico, os atentados contra as liberdades civis e de imprensa são algumas das críticas que milhares de russos que saem à rua em manifestações apontam ao regime de Vladimir Putin. Estes protestos têm vindo a intensificar-se desde a recente eleição, que os opositores consideram uma “fraude”, e incluem até uma tentativa de assassinato do fututo presidente. Putin deverá enfrentar uma forte contestação neste seu mandato que, devido a uma recente reforma constitucional, será de seis anos (em vez dos quatro). Mandato esse que pode ser renovado, colocando Putin à frente da Rússia até 2024.
 A polícia russa já deteve cerca de 800 manifestantes mas os movimentos de oposição a Vladimir Putin afirmam não ter intenção de parar. “Não estamos dispostos a aguentar Putin por 12 anos. Temos que protestar”, disse Andreï Dmitriev, um dos líderes da oposição, no protesto de ontem em São Petersburgo.

Raquel de Melo Teixeira

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